sábado, 2 de abril de 2011

Inflação e Taxa de Desemprego.

Existe na economia uma relação entre inflação e taxa de desemprego. Graficamente, expressamos essa idéia através da Curva de Phillips. Tem esse nome porque foi desenvolvida por um economista neozelandês, chamado William Phillips. Entretanto, é possível entender a teoria mesmo sem o auxílio da ilustração.


A idéia por trás da curva é de que a Taxa de Desemprego exerce uma força sobre a Taxa de Inflação, ou seja, ela tem influência sobre o nível de preços, afetando sua oscilação. Vejamos como isso funciona.

Vamos imaginar que a taxa de desemprego de equilíbrio de um país seja X. Pode ser um número qualquer, exibido em porcentagem. Assim, a Taxa de Desemprego é o percentual de pessoas capazes de trabalhar, mas que por algum motivo não estão trabalhando, ou seja, estão desempregadas. Quando essas pessoas conseguem emprego, a taxa de desemprego diminui, e a inflação aumenta. Isso acontece porque essas pessoas passam a ter renda e também a consumir, colocando mais dinheiro em circulação. Se a produção não acompanha o consumo, os preços sobem.

O contrário também é válido: se, dada a taxa de desemprego X, as pessoas empregadas perdem seu trabalho (se a taxa de desemprego aumenta), então a inflação diminui. Isso acontece porque o número de pessoas sem renda aumenta, e isso faz o consumo diminuir, puxando os preços para baixo. Assim, a relação é a seguinte: 

a. Se a taxa de desemprego sobe, a inflação cai; 
b. Se a taxa de desemprego cai, a inflação sobe.

O Relatório Focus, publicado pelo Banco Central do Brasil, mostra que a inflação oficial, medida pelo IPCA, está fora do centro da meta, que é de 4,5%. No relatório publicado em 28/03/2011 este número estava em 5,45%. Segundo a revista Exame (de 06/04/2011, número 989) cerca de 90% da população capaz de trabalhar está empregada. Ou seja, quase toda força de trabalho está ativa atualmente. Esse número pode diminuir em função do momento econômico brasileiro. Assim, a tendência é de que a inflação aumente, pois o consumo também tende a crescer.

No próximo post vamos estender esta questão para um ponto de vista mais político, ou social, se preferirem.

Nos acompanhem!

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

8 comentários:

  1. Estamos praticamente no pleno emprego....

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  2. Vale lembrar que os primórdios da concepção do Plano Real, elaborado por Persio Arida e André Lara Resende, Francisco Lopes, Edmar Bacha e Eduardo Modiano (todos da PUCRJ) começaram na década de 80 quando essa teoria da Curva de Phillips foi rechaçada por toda essa turma.

    Mas porque os brazucas não concordavam com o tal de Phillips ?

    Em 1982/1983 tinhamos no Brasil inflação e desemprego altos, fazendo com que a curva elaborada pelo Phillips não fizesse sentido em nosso contexto econômico da época.

    Conhecendo com detalhes como a inflação acontecia aqui, vieram os primeiros estudos para a indexação da moeda, e culminaram em 1993 com a criação da URV e o início da estabilização da moeda brasileira.

    Quem quiser ter acesso a um texto sobre como isso rolou, segue o link:
    http://www.lhmachado.com/economia-brasileira/ECONOMIABRASILEIRAII_80atual_.pdf

    A parte que menciono pode ser lida na pag 15.

    Vamos dando nossos pulos.

    abs.

    Faganelo
    www.faganelo.blogspot.com

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  3. outro texto bom do Prof Bresser Pereira fala da historia da Inflacao Inercial no Brasil

    http://bit.ly/l1lwMn

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  4. Boa Professor Faganelo.

    A inflação no Brasil dessa época, combatida até o início dos Anos 90, era a chamada Inflação Inercial.

    Coexistiam Inflação e Desemprego altos, ao contrário da teoria da Curva de Philips, porque o aumento dos preços estava inserido no psicológico das pessoas, não havendo relação entre eles. Nos referimos muitas vezes a isso como Memória Inflacionária (como aprendemos na sala de aula).

    Assim, os agentes reajustavam os preços de hoje com base na inflação passada. Em outras palavras, era uma inflação que se auto-alimentava. Já dá para perceber que o efeito era exponencial, e os preços subiam a níveis estratosféricos.

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  5. Gostei da explicação , bem clara ;]

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  6. A curva de Phillips pode ter feito sentido na época dele e em países que promovem os fatores necessários para que de fato o aumento da taxa de ocupação eleve a inflação. Se houver aumento de taxa de emprego e mais moeda for posta no mercado para suprir a necessidade de circulação, mantendo a possibilidade de que o aumento da produção seja gerador de empregos e ao mesmo tempo tendo a possibilidade de segurar preços, então os resultados seriam teoricamente muito diferentes do que Phillips observou. Ou não? Deixo claro que não sou especialista! Apenas estou suscitando uma questão.

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    1. Sem falar que o aumento dos gastos do governo alimentam a inflação. Acredito que se houver menor gasto por parte do governo a formula que demonstro acima pode fazer sentido.

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