segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Índices de inflação e suas diferenças

Como já foi tratado aqui, a inflação nada mais é do que  o aumento dos preços de um período a outro. Nos jornais, revistas e internet estamos acostumados a ver algumas das abreviações: IGP-M, IPCA, IPC´S.  Mas outros, ainda que com pouca frequência aparecem: IPC-Fipe, IGP-10, IGP-DI, INCC, IPA... Você pode se perguntar, mas qual é o verdadeiro índice que mede a inflação? Respondemos: TODOS! Cada um dessas siglas acima segue uma metodologia para medir a variação de preço em um determinado período e de um determinado setor. É o que tentaremos explicar a seguir.

IPCA: Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – esse índice é utilizado como balizador da economia. É por ele que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) define a meta de inflação e a partir deste o Banco Central controla a taxa de juros da economia (Selic). Esse indicador é divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no período do dia 01 a 30 do mês de referência e contém mais de 400 itens pesquisados. Além disso, utilizando-se da mesma metodologia, o IBGE também divulga o IPCA-15, que tem por difernça o período de coleta de informações, sendo do dia 14 do mês anterior ao dia 14 do mês de referência.

Dentro da pesquisa do IPCA, o IBGE também divulga o INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor, que se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 06 salários mínimos, sendo o chefe assalariado, e abrange nove regiões metropolitanas do país, além dos  municípios  de Goiânia e de Brasília.

IGP-M – Índice Geral de Preços de Mercado: um dos mais conhecidos indicadores por ser utilizado como atualizador de aluguéis. É divulgado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e compreende o período do dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês de referência, além das duas prévias realizadas pela instituição. Ele é composto de 60% do IPA, 30% do IPC e 10% do INCC.

O IPA (Índice de Preços por Atacado) é composto por dezoito índices especiais. Estão organizados para medir a evolução de preços segundo o destino. A amostra de produtos do IPA é composta por 481 mercadorias. Foi selecionada de um universo de produtos regularmente comercializados a nível de atacado, levando-se em conta algumas características pré-definidas, sendo que esta composição é revisada periodicamente pela FGV.

Já o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) é composto por sete grupos principais, chamados de classe de despesas dos consumidores, sendo eles: alimentação, habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, transporte e despesas diversas.

Por último, o INCC (Índice Nacional de Construção Civil), afere a evolução dos custos de construções habitacionais.

O IGP-10 e o IGP-DI seguem a mesma metodologia do IGP-M, com a única diferença do período da pesquisa, sendo que o IGP-DI (Disponibilidade Interna) é apurado do primeiro ao último dia de cada mês.  IGP-10 compreende o período entre o dia 11 do mês anterior e o dia 10 do mês atual. Já o IPC´S, também calculado pela FGV, é o mesmo indicador divulgado dentro dos IGP´s, porém divulgado semanalmente.

Ainda temos o IPC-Fipe, que como o próprio nome diz, é divulgado pela FIPE (FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS), que calcula a cada semana as variações de preços do município de São Paulo para a faixa de renda familiar entre 1 e 20 salários mínimos.

É importante destacar que se você quer saber a variação de preço de certo serviço ou setor, deve verificar a composição do índice que possua compatibilidade do que está pesquisando. Não adianta se balizar pelo IPC-Fipe se você não for de São Paulo.

O IBGE tem um projeto para a divulgação de outro índice, o que podemos hoje chamar de IPP (Índice de Preço ao Produtor) que irá compreender melhor a variação de preço advinda do produtor. Hoje, a FGV já faz esta pesquisa e está inclusa nos IGP´s através do IPA. Porém, não há um único índice para este tipo de pesquisa e teremos um ganho quando o IBGE disponibilizá-lo, uma vez que a economia será melhor acompanhada.

Por Danielle Macedo
Equipe Economistas Na Net

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As Expectativas e o Mercado de Ações

Vimos no post anterior que as Expectativas são variáveis de grande peso na economia. Elas interferem diretamente na decisão dos agentes e, consequentemente, na massa de agentes. Dessa forma, a atividade econômica toma rumos de acordo com esse movimento das massas.

Há casos, entretanto, nos quais o movimento de um único agente influencia os outros. No mercado de ações, por exemplo, isso pode acontecer com frequência. Basta que esse "um" agente tenha poder de influência ideológica ou capacidade financeira de puxar o mercado para cima ou para baixo.

O que aconteceria se Warren Buffet divulgasse abertamente que iria se desfazer de suas ações da Coca-Cola por acreditar que os fundamentos dessa empresa não lhe são mais confiáveis? Todos sabemos que Buffet é visto nos Estados Unidos e no mundo como um Oráculo do mercado financeiro. Certamente, uma afirmação dessas faria outras pessoas tomarem a decisão de venderem suas ações da Coca-Cola, e isso faria o preço delas cair. Lei básica da economia: oferta e demanda. Quando a oferta é maior do que a demanda, os preços caem.

Outro ponto interessante é que, nesse meio, as expectativas estão constantemente puxando o mercado para cima ou para baixo, tal qual as especulações. Os investidores acompanham notícias do mundo todo para operar na Bolsa. Os dados da economia americana, européia, taxas de juros, bolsas dos vários países, indicadores de inflação... Tudo isso entra na formação das expectativas dos investidores. Assim, quando as expectativas são boas, as bolsas sobem. Do contrátio, elas caem.

Particularmente, no Brasil, tenho percebido que o desempenho das bolsas asiáticas pouco interfere no comportamento da Bovespa. Já os indicadores dos EUA e o desempenho das bolsas européias afetam o nosso mercado mais diretamente. Isso porque a questão do fuso horário permite que o pregão ocorra aqui e com algumas horas de funcionamento da Europa e dos Estados Unidos. Já na Ásia, o período de negociação ocorre durante a nossa noite.

Por vezes acontece de sair uma notícia negativa na Europa quando o mercado está em alta e, quase que imediatamente, passa a inverter sua tendência.

Entretanto, as notícias que mais têm afetado as bolsas, são os dados norte-americanos. O índice de desemprego dos EUA interfere na expectativa dos agentes de que o consumo mundial pode desacelerar, e assim levar a uma nova recessão. Dessa forma, os agentes tentam se proteger, vendendo suas ações a qualquer preço, o que derruba as bolsas no mundo todo. Alguns ativos sofrem mais com esse movimento, como Vale e Petro, pois são  ações que possuem grande liquidez. Outros, demoram meses ou anos para se recuperarem.

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

sábado, 4 de setembro de 2010

O Importante Papel das Expectativas.

Percebemos nos últimos anos que a economia mundo sofreu vários choques. Aliás, eles são recorrentes, como explicamos no posto sobre "A dinâmica de uma Crise". Ela funciona em ciclos.

Entretanto, os ciclos (movimentos de crescimento e queda) não são completamente aleatórios. São causados por alguma distorção ou desequilíbrio em alguma variável da economia. Uma das mais importantes, se não a mais importante, é a expectativa dos agentes em relação ao futuro.

Se esses agentes acreditam que, no futuro, sua condição financeira (ou patrimonial, de forma geral) será melhor do que na atualidade, então a economia passa a vivenciar uma escalada. É a fase de crescimento. Normalmente é interrompida por algum evento inesperado. Quando isso acontece, normalmente ocorre uma reversão das expectativas

Por exemplo: imagine uma família na qual todos estão empregados, mas a maior renda vem da mãe. Enquanto esta família pensar que está tudo bem, seu consumo aumentará ou subirá de padrão de qualidade. Mas, se a mãe dessa família, por qualquer motivo, passar a acreditar que irá perder o emprego, então o padrão de consumo mudará. Despesas e gastos supérfluos serão cortados. Porque? Simples: houve uma mudança nas expectativas dessa família. Agora amplie esse raciocínio para várias famílias. Já dá para perceber que a economia como um todo irá declinar.

No caso da crise de 2008, houve um evento que atingiu várias famílias americanas. Isso causou uma reversão nas expectativas dessas famílias e, principalmente, das empresas.  O fato de atingir também todo o mundo, está ligado à globalização; à forte dependência econômica do mundo em relação aos Estados Unidos; às aplicações dos países em títulos públicos e privados norte-americanos; e às relações diretas com as seguradoras e bancos afetados.

Acredito que, quando as expectativas das empresas se alteram, a sensibilidade é maior. Isso porque as empresas empregam várias famílias e são responsáveis pela produção, pagamento de salários e investimento produtivo. Entretanto, quando as famílias mudam sua percepção do futuro, a sensibilidade é gradativa (a mãe da família acima pode não ser demitida, mas preferiu se precaver). Mas isso pode mudar de país para país.

Falaremos um pouco mais sobre expectativas nos próximos posts.
Nos acompanhem! 

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net