quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As Expectativas e o Mercado de Ações

Vimos no post anterior que as Expectativas são variáveis de grande peso na economia. Elas interferem diretamente na decisão dos agentes e, consequentemente, na massa de agentes. Dessa forma, a atividade econômica toma rumos de acordo com esse movimento das massas.

Há casos, entretanto, nos quais o movimento de um único agente influencia os outros. No mercado de ações, por exemplo, isso pode acontecer com frequência. Basta que esse "um" agente tenha poder de influência ideológica ou capacidade financeira de puxar o mercado para cima ou para baixo.

O que aconteceria se Warren Buffet divulgasse abertamente que iria se desfazer de suas ações da Coca-Cola por acreditar que os fundamentos dessa empresa não lhe são mais confiáveis? Todos sabemos que Buffet é visto nos Estados Unidos e no mundo como um Oráculo do mercado financeiro. Certamente, uma afirmação dessas faria outras pessoas tomarem a decisão de venderem suas ações da Coca-Cola, e isso faria o preço delas cair. Lei básica da economia: oferta e demanda. Quando a oferta é maior do que a demanda, os preços caem.

Outro ponto interessante é que, nesse meio, as expectativas estão constantemente puxando o mercado para cima ou para baixo, tal qual as especulações. Os investidores acompanham notícias do mundo todo para operar na Bolsa. Os dados da economia americana, européia, taxas de juros, bolsas dos vários países, indicadores de inflação... Tudo isso entra na formação das expectativas dos investidores. Assim, quando as expectativas são boas, as bolsas sobem. Do contrátio, elas caem.

Particularmente, no Brasil, tenho percebido que o desempenho das bolsas asiáticas pouco interfere no comportamento da Bovespa. Já os indicadores dos EUA e o desempenho das bolsas européias afetam o nosso mercado mais diretamente. Isso porque a questão do fuso horário permite que o pregão ocorra aqui e com algumas horas de funcionamento da Europa e dos Estados Unidos. Já na Ásia, o período de negociação ocorre durante a nossa noite.

Por vezes acontece de sair uma notícia negativa na Europa quando o mercado está em alta e, quase que imediatamente, passa a inverter sua tendência.

Entretanto, as notícias que mais têm afetado as bolsas, são os dados norte-americanos. O índice de desemprego dos EUA interfere na expectativa dos agentes de que o consumo mundial pode desacelerar, e assim levar a uma nova recessão. Dessa forma, os agentes tentam se proteger, vendendo suas ações a qualquer preço, o que derruba as bolsas no mundo todo. Alguns ativos sofrem mais com esse movimento, como Vale e Petro, pois são  ações que possuem grande liquidez. Outros, demoram meses ou anos para se recuperarem.

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

sábado, 4 de setembro de 2010

O Importante Papel das Expectativas.

Percebemos nos últimos anos que a economia mundo sofreu vários choques. Aliás, eles são recorrentes, como explicamos no posto sobre "A dinâmica de uma Crise". Ela funciona em ciclos.

Entretanto, os ciclos (movimentos de crescimento e queda) não são completamente aleatórios. São causados por alguma distorção ou desequilíbrio em alguma variável da economia. Uma das mais importantes, se não a mais importante, é a expectativa dos agentes em relação ao futuro.

Se esses agentes acreditam que, no futuro, sua condição financeira (ou patrimonial, de forma geral) será melhor do que na atualidade, então a economia passa a vivenciar uma escalada. É a fase de crescimento. Normalmente é interrompida por algum evento inesperado. Quando isso acontece, normalmente ocorre uma reversão das expectativas

Por exemplo: imagine uma família na qual todos estão empregados, mas a maior renda vem da mãe. Enquanto esta família pensar que está tudo bem, seu consumo aumentará ou subirá de padrão de qualidade. Mas, se a mãe dessa família, por qualquer motivo, passar a acreditar que irá perder o emprego, então o padrão de consumo mudará. Despesas e gastos supérfluos serão cortados. Porque? Simples: houve uma mudança nas expectativas dessa família. Agora amplie esse raciocínio para várias famílias. Já dá para perceber que a economia como um todo irá declinar.

No caso da crise de 2008, houve um evento que atingiu várias famílias americanas. Isso causou uma reversão nas expectativas dessas famílias e, principalmente, das empresas.  O fato de atingir também todo o mundo, está ligado à globalização; à forte dependência econômica do mundo em relação aos Estados Unidos; às aplicações dos países em títulos públicos e privados norte-americanos; e às relações diretas com as seguradoras e bancos afetados.

Acredito que, quando as expectativas das empresas se alteram, a sensibilidade é maior. Isso porque as empresas empregam várias famílias e são responsáveis pela produção, pagamento de salários e investimento produtivo. Entretanto, quando as famílias mudam sua percepção do futuro, a sensibilidade é gradativa (a mãe da família acima pode não ser demitida, mas preferiu se precaver). Mas isso pode mudar de país para país.

Falaremos um pouco mais sobre expectativas nos próximos posts.
Nos acompanhem! 

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Diferenças entre Ações e Debêntures.

Ultimamente, algumas pessoas nos perguntaram sobre Ações e Debêntures, então achamos interessante postar algo sobre. Vamos lá.

O que são Ações?
Ações são "papéis" que representam uma pequena fração de uma empresa. Quem possui uma ação da Petrobrás, por exemplo, é dono de uma pequena parte da própria. Em outras palavras, é um sócio. As ações são negociadas na Bolsa de Valores, que também negocia outros ativos.

O que são Debêntures?
Uma Debênture é um "papel" que certifica que alguém "emprestou" dinheiro a um empresa a uma taxa de juros fixa, na maioria dos casos. É uma operação supervisionada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que fiscaliza o mercado de capitais no Brasil.

Por que comprar ações ou debêntures?
Tanto ações quanto debêntures são formas de investimento. Ações são de renda variável e debêntures são de renda fixa, podendo ser também de renda variável. A diferença entre ações e debêntures, quanto ao retorno para o investidor, é que:

- Nas ações os retornos (rendimentos) são baseados nos resultados da empresa. Ou seja, o lucro do acionista depende da atividade da empresa, do operacional, dos lucros que ela obtém no exercício.

- As debêntures são parecidas com títulos públicos. Mas são privados. O investidor compra uma debênture que vai lhe render uma determinada taxa de juros anual, mensal, semestral... Como uma poupança, mas de maior risco.

Quando uma empresa lança ações ela não se obriga a pagar nada para o investidor (acionista). Sua única obrigação é entregar bons resultados para que as ações se valorizem. Isso porque nem os dividendos são obrigatórios. A empresa paga os dividendos aos acionistas caso queira. Mas deve informar isso nos comunicados ao mercado.


Qual é mais vantajoso para a empresa? Depende.
Se a empresa não quiser dividir a diretoria com nenhum sócio, então ela lança debêntures. Assim, ela só paga juros sobre o capital que o investidor aplica. É uma forma de empréstimo. Ela é obrigada a pagar os juros e o principal numa data pré-estabelecida, em condições que ela pode estipular antes do lançamento das debêntures.

Se a empresa não quer gastar com juros (pois as debêntures são títulos e logo são empréstimos) ela pode optar por lançar ações no mercado e dividir os lucros com seus sócios (acionistas), ou reinvestir os lucros nas atividades da empresa e não repassar aos acionistas.

Tudo vai depender do que é melhor para a empresa no momento em que ela precisa daqueles recursos. Ou se ela (a diretoria/presidência/donos) está disposta a abdicar da liderança absoluta da gestão empresarial e aceitar ter mais sócios.

O que é mais vantajoso para o investidor? Depende também.
Caso o investidor não queira se arriscar no mercado de ações, ele pode optar por comprar debêntures de um empresa que lhe pague juros fixos. Assim, ele já saberá exatamente quanto vai resgatar ao final do período.

Se o investidor estiver disposto a correr um risco maior (pois o valor das ações oscila tanto para cima quanto para baixo), mas com um retorno possivelmente muito maior também, então ele pode optar por comprar ações na bolsa e vendê-las quando e se desejar. Ou segurá-las por tempo indeterminado. Nada o impede.

É interessante consultar o site da CVM (http://www.cvm.gov.br/) e obter informações mais detalhadas sobre as duas formas. Para ações, busque o site da Bolsa de Valores de São Paulo, a Bovespa (http://www.bovespa.com.br/).

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net