sábado, 17 de novembro de 2012

A Crise, o Euro, a Grécia, o Brasil, Keynes... e eu com isso???

Olá pessoal. Depois de algum tempo apenas concentrado no relatório, eu volto aqui com algumas linhas básicas. E apesar de o tema ser tão comum, ele ainda desperta dúvidas entre as pessoas. Vou tentar elucidar algumas delas e tornar o raciocínio mais simples.

O assunto de todos os dias é a Crise do Euro. Pelo fato de alguns países estarem muito endividados, a economia global sofreu um choque e o PIB de todas as nações encolheu drasticamente do final de 2010 para cá. A pergunta é: por que isso aconteceu?

Como eu exemplifiquei num artigo anterior, os agente econômicos (empresas, famílias, governos, investidores, etc.) trabalham em torno das expectativas. Eles tomam suas decisões baseados no que acreditam que acontecerá num determinado cenário. Imagina-se que essas decisões sejam, além de racionais, as melhores possíveis.

Sabemos também que a Grécia é um dos países em situação mais complicada na Zona do Euro. Eles precisam aplicar medidas de austeridade fiscal (corte de gastos e aumento de impostos) para continuar a receber ajuda financeira do FMI e do Banco Central Europeu. Entretanto, isso apenas injeta mais veneno numa economia já moribunda, pois dificulta a recuperação da atividade e aumenta as taxas de desemprego.


Mas, espera aí... Sem emprego, as pessoas não têm renda e não consomem. E as empresas vão pelo mesmo caminho. Se isso acontece, como ficam as receitas do governo, que vêm da arrecadação de impostos? Deu para perceber o tamanho do pepino que os caras têm nas mãos?

Gastar para estimular a economia? Mas aí ficamos sem ajuda dos bancos para pagar nossos credores... Ou economizar para receber ajuda e, nesse caso, atirar milhares nas mãos do desemprego?

Há ainda a possibilidade de a Grécia sair da Zona do Euro. Nesse caso, o país deixaria de receber ajuda e estaria livre para conduzir sua economia como bem entendesse. A contrapartida é que as taxas de juros aumentariam por causa da incerteza, que faria os fluxos de capital secarem ao redor do mundo. As bolsas sentiriam imediatamente, pois os investidores venderiam seus papéis para manter dinheiro líquido em caixa. Depois viria a atividade. O comércio exterior viraria uma vitrine do protecionismo (se já não o é).

Será que a pergunta do começo do texto foi respondida? O PIB dos países caiu porque as expectativas em relação ao futuro pioraram. Isso somado ao conservadorismo, pois em épocas de crise devemos conter nossos gastos, acentuou a queda. Virou um efeito dominó! E o Brasil já foi atingido.

Confesso que sou bem pessimista em relação à Grécia. Mas também creio que os órgãos não deixarão o país sozinho. Também acredito que, no ritmo que está, a saída dos helenos da Zona do Euro é questão de tempo. Não há como suportar, nas atuais condições, as medidas impostas pelo FMI e pelo BCE. Ou eles flexibilizam em relação à política fiscal ou os credores perdoam toda a dívida do país. Mas isso faria com que os outros endividados se sentissem no mesmo direito.

Fato é que, embora Keynes não seja um dos meus economistas prediletos, acho que austeridade não é a solução para este caso. 

PS: John Maynard Keynes foi um economista britânico que, como solução à Crise de 1929, sugeriu que os governos fossem intervencionistas. Eles deveriam aumentar seus gastos para fazer a atividade econômica girar. Isso elevaria os níveis de emprego, o consumo das famílias e os investimentos privados, tirando assim os países da recessão.

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

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