quarta-feira, 13 de julho de 2011

Descolamento entre Oferta e Demanda

O país vive hoje um período de descolamento entre a oferta e a demanda. E o que seria exatamente isso?

O processo ocorre quando o nível da oferta é diferente do nível de demanda. Em outras palavras, a produção não consegue acompanhar o consumo ou vice-versa.

No caso brasileiro, onde a demanda é superior à oferta, ocorrem alguns impactos negativos, como por exemplo, a inflação de demanda. Uma vez que não há produtos suficientes para o consumo, o próprio comércio eleva os preços entendendo que a necessidade fará o consumidor pagar mais caro pelo produto. Lembramos que esta onda consumista é justificada pelos vários incentivos que o governo passou a dar durante a crise de 2008, como a redução de juros, isenção de impostos, redução de compulsórios e facilidade de crédito.

A redução de juros e de impostos proporcionou à indústria uma oportunidade de expansão até o início de 2010. Porém, com a elevada quantidade de estoques e o aumento do risco global, o ritmo industrial se reduziu e, a partir de Jun/2010, a demanda do comércio ultrapassou o nível de oferta. Isso, de certa forma, acendeu uma luz amarela para o governo através da elevação da inflação.

Para suprir a necessidade de consumo, foi preciso recorrer ao mercado externo através da elevação das importações. O que por um lado reduz os preços, por outro desestimula a produção interna, já que os bens internos, muitas vezes, não competem em igualdade de preços com os importados. Isso gera dificuldades para a indústria ou produtores nacionais.

Porque então o problema não é resolvido com a elevação da oferta? A questão não é tão simples assim. Para se elevar a produção, muitas vezes, será necessária a ampliação física das empresas, compra de máquinas, de mais insumos e contratação de mais funcionários. Tudo isso demanda tempo e investimento.

Ao contrário da demanda, a compra é feita imediatamente quando há aumento de renda ou facilidade de crédito (cartão de crédito, empréstimo pré aprovado, cheque especial). Sendo assim, não há outro caminho para o governo senão aplicar uma política monetária contracionista, ou seja, frear o consumo focado no encontro do equilíbrio entre a oferta e a demanda.

Por Danielle Macedo
Equipe Economistas Na Net