quinta-feira, 21 de abril de 2011

Inflação, Câmbio ou Utopia?

Começar a escrever este post foi uma tarefa muito trabalhosa. Principalmente porque, por si só, minha intenção já envolve objetivos antagônicos e também porque tento ser nêutro com relação às medidas que o governo toma para intervir na economia. Sempre procuro observar os fatos para embasar os argumentos. Bem, vamos a eles então.

Sabemos que nossa inflação está fora do centro da meta. Isto se deve, em grande parte, ao consumo. Países como Brasil, de grande população e baixas taxas de Investimento e Poupança, têm no Consumo e nas Exportações o motor de que sua economia precisa para crescer e, talvez, se desenvolver. Por um lado, se essa força se desequilibra pode haver inflação ou recessão. Daí as ações do governo para frear o consumo aumentando a taxa Selic. Por outro lado, a taxa de câmbio afeta diretamente o preço dos bens brasileiros exportados para outros países.

Soma-se o Real que se valoriza, tornando caros os produtos brasileiros para outros países. Com isso, as receitas de nossas empresas se reduzem em função da diminuição das vendas. O Governo lança mão de políticas para evitar que o Real se valorize - ou que o dólar fique mais barato. Faz leilões de reservas ou sobretaxa o capital estrangeiro que fica aqui por pouco tempo. Assim, ele impede a entrada de dólares especulativos (com vistas a lucros rápidos). Restringindo a quantidade de moeda estrangeira, faz com que seu preço aumente.

Agora o lado antagônico: o aumento na taxa de juros para conter a inflação. Essa medida faz com que o crédito se torne mais caro e também que aplicações de renda fixa tenham rendimento maior. Um empresário pode deixar de investir em produção e aplicar o dinheiro em renda fixa. O dinheiro sai de circulação e reduz a pressão sobre os preços internos.

Entretanto, o aumento da Selic atrai capital estrangeiro, e isso faz com que o efeito sobre a taxa de câmbio seja inverso. Em outras palavras, é uma força lutando contra outra. Uma pancada para segurar o câmbio e outra para segurar a inflação, mas que anula a anterior.

A questão é que nenhuma medida para conter a Taxa de Câmbio se sustenta no longo prazo, são medidas imediatistas. Além do mais, o momento econômico para o Brasil torna quase nula qualquer ação para impedir a valorização do Real. Os dólares vão continuar entrando, pelo menos por enquanto, ou até que algum choque global afugente o capital estrangeiro.

Medidas para conter a inflação vão além da Taxa Selic. Por exemplo, reduzir a carga tributária estimularia a produção e o emprego; Desonerar as folhas de pagamentos, estimularia criação de mais empresas e trabalhos formais; Reduzindo os impostos, o Governo arrecada mais (pelo volume). Infelizmente, essas idéias parecem ser utópicas no Brasil.

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

sábado, 2 de abril de 2011

Inflação e Taxa de Desemprego.

Existe na economia uma relação entre inflação e taxa de desemprego. Graficamente, expressamos essa idéia através da Curva de Phillips. Tem esse nome porque foi desenvolvida por um economista neozelandês, chamado William Phillips. Entretanto, é possível entender a teoria mesmo sem o auxílio da ilustração.


A idéia por trás da curva é de que a Taxa de Desemprego exerce uma força sobre a Taxa de Inflação, ou seja, ela tem influência sobre o nível de preços, afetando sua oscilação. Vejamos como isso funciona.

Vamos imaginar que a taxa de desemprego de equilíbrio de um país seja X. Pode ser um número qualquer, exibido em porcentagem. Assim, a Taxa de Desemprego é o percentual de pessoas capazes de trabalhar, mas que por algum motivo não estão trabalhando, ou seja, estão desempregadas. Quando essas pessoas conseguem emprego, a taxa de desemprego diminui, e a inflação aumenta. Isso acontece porque essas pessoas passam a ter renda e também a consumir, colocando mais dinheiro em circulação. Se a produção não acompanha o consumo, os preços sobem.

O contrário também é válido: se, dada a taxa de desemprego X, as pessoas empregadas perdem seu trabalho (se a taxa de desemprego aumenta), então a inflação diminui. Isso acontece porque o número de pessoas sem renda aumenta, e isso faz o consumo diminuir, puxando os preços para baixo. Assim, a relação é a seguinte: 

a. Se a taxa de desemprego sobe, a inflação cai; 
b. Se a taxa de desemprego cai, a inflação sobe.

O Relatório Focus, publicado pelo Banco Central do Brasil, mostra que a inflação oficial, medida pelo IPCA, está fora do centro da meta, que é de 4,5%. No relatório publicado em 28/03/2011 este número estava em 5,45%. Segundo a revista Exame (de 06/04/2011, número 989) cerca de 90% da população capaz de trabalhar está empregada. Ou seja, quase toda força de trabalho está ativa atualmente. Esse número pode diminuir em função do momento econômico brasileiro. Assim, a tendência é de que a inflação aumente, pois o consumo também tende a crescer.

No próximo post vamos estender esta questão para um ponto de vista mais político, ou social, se preferirem.

Nos acompanhem!

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net