quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A Inflação e os Gastos do Governo

Ultimamente se evidenciou nos jornais e revistas a ameaça da inflação ao desempenho econômico do Brasil. Indo mais a fundo, esses mesmos veículos enfatizam que um possível despertar da inflação esteja ligado aos gastos públicos descontrolados. Mas como isso acontece?

Já vimos em posts anteriores a importância da Lei de Oferta e Demanda e falamos, exaustivamente, sobre o princípio de que "o que é raro é caro". Essa frase ficou selada em minha mente quando uma professora a usou na faculdade. O fato é o seguinte: AUMENTOS NOS GASTOS DO GOVERNO, OU DESCONTROLE DAS CONTAS PÚBLICAS, CAUSAM INFLAÇÃO. E, no caso do Brasil, essa é uma doença que vem sendo tratada há quase 20 anos, embora nem todos os cuidados tenham sido tomados.

Para explicar, a inflação é o aumento generalizado dos preços numa economia. Assim, sua moeda, passa a ter menor poder de compra, ou seja, o dinheiro perde valor. É como se uma nota de R$ 1,00 valesse menos do que R$ 1,00. Isso acontece quando a produção é inferior ao montante de dinheiro em circulação. Assim, seus preços sobem.

Outra forma de ver isso é ter em mente que a quantidade de dinheiro na economia vai crescendo pouco a pouco, mas a produção não consegue acompanhar. É aí que se encaixa a questão dos gastos do governo. Ele começa a despejar dinheiro na economia, e esse dinheiro começa a perder valor (tudo que é raro é caro, e tudo que é abundante é barato). As empresas não têm condições ou estímulo para produzir mais, e assim a oferta de produtos fica limitada, mas o dinheiro continua sendo jogado na economia.

Para equilibrar suas contas (que ficaram negativas) o governo precisa de mais dinheiro. Mas como conseguí-lo se ele já está todo na economia, circulando por aí? Nessas ocasiões, o governo pode se valer de duas manobras: ele aumanta a taxa de juros, e assim capta dinheiro no mercado de títulos; ou pode imprimir dinheiro para cobrir suas dívidas. De qualquer forma a tendência é a que a taxa de juros (selic) aumente, para tentar conter o aumento ds preços - inflação. Como consequência, as empresas preferem aplicar dinheiro em títulos ou no mercado financeiro do que investir em produção. E aí a inflação dá as caras.

Por isso a recomendação dos analistas, economistas e mídia especializada é de que o Brasil contenha os gastos públicos. Para que o governo não corra risco de perder o controle sobre a inflação é necessário que o governo gaste menos, ou podemos ter problemas num futuro próximo.

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Quando a Taxa de Câmbio se Descola da Bolsa

No post anterior falei que:

a. Quando a Bolsa sobe, a Taxa de Câmbio cai;
b. Quando a Bolsa cai, a Taxa de Câmbio sobe.

Isso acontece por causa da entrada e saída de capital estrangeiro no país direcionado a investimentos em renda fixa ou variável.

Entretanto, há momentos em que essa lógica não vale, ou não acontece. Nesses momentos, mesmo a bolsa estando em queda a taxa de câmbio pode continuar caindo, ao invés de iniciar um movimento de subida que seria natural. Em outras palavras, existem situações em que o preço do dólar cai junto com a Bolsa.

Um motivo para isso acontecer é a realização de lucros no mercado de ações. Os acionistas percebem um movimento de valorização das ações, quando o preço delas sobe (e a Bolsa sobe junto). Isso acontece até que, num dado momento, eles resolvem embolsar os lucros obtidos com a valorização das ações. Assim, começam a vender seus papéis, pois os mesmos já atingiram o preço desejado por eles. O movimento seguinte é de queda da Bolsa.

Ao contrário dos momentos de incerteza, nesse caso, os acionistas não tiram dinheiro do país. Dito de outro modo, eles fazem a bolsa cair, mas não tiram seus dólares do Brasil, e por isso a Taxa de Câmbio não aumenta - por isso o preço do dólar não sobe. É apenas um movimento natural, e ocorre com muita frequência ao longo do tempo, e até em espaços curtos de tempo.

Isso pode acontecer também quando o Banco Central inicia algum leilão no mercado de câmbio, vendendo dólares, para fazer seu preço cair. Isso também pode acentuar o movimento de queda da moeda estrangeira.

Espero ter ajudado com essa questão. No próximo post tentarei elucidar a última parte programada deste assunto que é Bolsa e Dólares subindo juntos.

Nos acompanhem!

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Taxa de Câmbio e a Bolsa de Valores

Nos posts anteriores falei sobre a influência da taxa de câmbio no consumo e na inflação. Agora veremos uma forma simples de relacionar a cotação do dólar (ou outra moeda externa qualquer) com investimentos financeiros. Em particular, falamos da Bolsa de Valores ou o mercado de ações.

É comum ver que quando a bolsa sobe o dólar cai, e quando a bolsa cai o dólar sobe. Mas qual o motivo disso?

Primeiro, é preciso saber que a maioria do capital aplicado na bolsa brasileira é estrangeiro. O investimento no mercado de ações não é uma cultura muito difundida no Brasil, mas bastante consolidada em outros países. Assim, os investidores externos precisam colocar dinheiro no país, normalmente dólares, para operar. Eles compram Reais para poderem transacionar no mercado de ações.

De forma pura, à medida que colocam dinheiro aqui, mais dólares entram na economia. Isso faz com que a moeda americana se torne mais volumosa, e assim mais barata. Por isso a taxa de câmbio cai. Mas por que a cotação oscila junto com a bolsa?

Se a bolsa se torna atrativa, ou seja, se as perspectivas de ganhos são boas, os investidores estrangeiros colocam mais dinheiro em bolsa. Isso significa mais dólares entrando na economia. Assim, eles começam a comprar ações. Como o volume de ações é limitado e muitos investidores querem as ações brasileiras, o preço delas sobe. O Índice Bovespa se valoriza. Aí dizemos que a bolsa está em alta. Isso pode acontecer também quando o país está em um momento bom, promissor, com baixo risco ou por motivos políticos que os investidores julgam trazer bons retornos (lucros).

Do contrário, quando a bolsa, a economia do país ou a economia de todo o mundo vai mal, os investidores ficam temerosos. Eles têm medo de perderem seus empregos, de um país ou de as empresas quebrarem, de o consumo diminuir. Com isso em mente, eles resgatam todo o dinheiro que está aplicado em investimentos de risco. Na bolsa isso significa que eles vendem as ações a qualquer preço, pois querem se livrar logo delas e perder o mínimo possivel.

Quando isso acontece, o preço das ações cai e o Índice Bovespa cai junto. Os investidores estrangeiros pegam seus dólares e tiram do Brasil. Assim, o volume de dólares na economia diminui, se tornando um "bem raro". Por isso a cotação do dólar sobe e ele fica mais caro.

Isso gera outros efeitos na economia, pois, como vimos, altera os preços das importações, exportações, as decisões das empresas de contratar ou produzir mais, as decisões dos governos e as decisões dos próprios cidadãos. Muda todo o ciclo até a economia encontrar um topo ou fundo e iniciar um movimento de correção, que a trará de volta ao equilíbrio.

Por Gilmar Faustino
Equipe Economistas Na Net