quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Inflação causada pelo baixo desemprego

Assunto já discutido por aqui (http://economistasnanet.blogspot.com/2011/04/inflacao-e-taxa-de-desemprego.html), sabe-se que, conforme a teoria da curva de Phillips, quando a taxa de inflação sobe o desemprego cai e vice-versa. Isso analisado no curto prazo.

Na teoria do pleno emprego é entendido que toda mão de obra disponível para trabalhar estaria empregada criando assim um equilíbrio na economia. E quando há desequilíbrio gerado por mais vagas do que pessoas disponíveis? Isso é o que anda ocorrendo na economia brasileira.

Mas calma. Você pode se perguntar como isso acontece já que sempre conhecemos alguém desempregado. A questão é que há vagas de emprego, mas, ainda falta muita mão de obra qualificada e a demanda por essas pessoas provoca aumento dos salários.

Como funciona essa dinâmica?
A escassez de mão de obra qualificada eleva a demanda das empresas por essas pessoas. Demanda maior que oferta = elevação dos preços, ou neste caso, elevação dos salários. Dessa maneira, a fim de conquistar profissionais qualificados no mercado de trabalho, as empresas oferecem maiores remunerações, o que por sua vez acaba elevando seus custos e encarecendo seu produto. Daí surge a nossa famosa inflação.

Podemos nos certificar disso com a divulgação do relatório de Pesquisa Mensal de Emprego divulgado pelo IBGE. Em 12 meses houve uma elevação de, aproximadamente, 10% da Renda Habitual Recebida (valor ajustado sazonalmente).

É sabido que a melhora econômica dos últimos anos deu oportunidade de muitas pessoas se especializarem, porém a quantidade não foi suficiente para suprir a demanda brasileira. Isso porque a economia vem num processo de crescimento muito forte desde meados dos anos 90 e o atraso do Brasil na educação é muito grande.

A revista Exame, edição 989, traz um estudo que mostra que, se continuarmos crescendo numa taxa média de 4,6% a.a. até 2015, necessitaremos de aproximadamente 8 milhões de pessoas no mercado de trabalho.

Nesta mesma edição, a revista apresenta os setores que mais demandarão pessoas: varejo, construção, telesserviços (empresa de call Center), petróleo e afins, têxtil e tecnologia, da informação.

Aí nos cabe uma pergunta: será que conseguiremos gerar essa massa de profissionais preparados para a demanda do mercado de trabalho?

É possível que o país postergue este problema para os próximos anos, nos dando a idéia de que a taxa de juros continuará num patamar alto a fim de controlar a inflação. Isso só mostra que o ciclo vicioso está longe de acabar: vagas>mão de obra especializada>inflação.

Por Danielle Macedo
Equipe Economistas Na Net

2 comentários:

  1. Puxa, tenho que admitir que adorei a sua análise da inflação!! Poucas pessoas admitem que existem uma inflação de custo ou uma inflação com origem na oferta, e não a velha e batida visão da ortodoxia: A demanda, por bens e serviços, é que gera inflação.
    Concordo com vcs e vou além, acredito que existem dois fatores que também exercem pressão na inflação: 1° Inércia inflacionária na inflação de serviços (principalmente por conta da formação das expectativas de inflação nos serviços - existem evidencias muito fortes de que a inflação de serviços não é influenciada diretamente por fatores como reajuste do salário minimo e aumento da demanda ); 2° Os reajustes de contratos dos preços administrados pelo governo, que na sua imensa maioria, são reajustados de acordo com os IGP's, e não por índices especificos que reflitam, de fato, um aumento nos custos destes serviços. Claro que também acho que exista sim uam pressão de demanda por bens e serviços, mas tenho certeza que é MUITO menor do que os analistas apontam.
    Ou seja, os nossos queridos analistas de mercado precisam lembrar de uma coisinha (na minha opinião): A maioria das teorias da macro foram concebidas e tiveram as suas conclussões baseadas em paises desenvolvidos (para não dizer, nos EUA!rsrs), com as suas especificidades!!! Não dá para adotar as mesmas políticas que funcionaram lá!
    Não dá para jogar a culpa sempre na demanda dos consumidores! Como não dá para esperar que uma meta de 4,5% funcionará em um país com tantos gargalos e caracteristicas que os teoricos não enxergam!
    Adorei o texto de vcs!!!

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  2. Bem lembrado, meu caro leito Anônimo (risos).
    A inflação inercial, peculiarmente vista no Brasil entre o final do período ditatorial e meados dos anos 1990, é talvez a mais cruel de todas. Isso porque ela é de uma natureza que se auto-alimenta.

    Você sabia que essa inércia causou, de 1964 a 1994, uma inflação de 1.302.442.989.947.180%??? A leitura desse número é complicada, mas é isso mesmo: mais de 1 quatrilhão por cento!!!

    Espero que continue nos acompanhando.

    Abs.

    Gilmar Faustino
    Equipe Economistas Na Net

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