quinta-feira, 14 de junho de 2012

Salário de Eficiência


Já ouviu aquela frase: Com o salário dele dava pra contratar dois no lugar... Mas, afinal, por que isso não ocorre na prática?

Há um modelo microeconômico conhecido como “Teoria do Salário de Eficiência” que diz que, mesmo numa situação onde há desemprego, a produtividade da mão de obra pode afetar o nível do salário.

Como isso funciona: As empresas não possuem tempo e dinheiro para avaliar se cada funcionário está sendo o mais produtivo possível em suas atividades. Dessa maneira, a ausência de monitoramento abre espaço para que o funcionário “enrole” - isso mesmo, o que chamamos de “modelo de enrolação”.

Mas por que o funcionário enrolaria se há a possibilidade de ser demitido? Na verdade, se o salário recebido é o mesmo pago pelo mercado, ele não possui incentivo para fazer mais do que já faz e, caso seja demitido, nada irá perder uma vez que ele poderá ser admitido por outra empresa – que não possui todas as informações sobre ele - pelo mesmo salário.

É aqui que o salário de eficiência entra em jogo. Uma vez que a empresa é incapaz de monitorar a produtividade de seus funcionários, ela paga um salário superior ao mercado para que eles sejam mais produtivos. Dessa maneira, sinaliza que, caso ele venha a ser dispensado, um colaborador não conseguirá uma remuneração proporcional ou melhor que a sua.

Assim, vemos porque mesmo quando há pessoas dispostas a trabalhar por um salário menor, as empresas não podem simplesmente demitir um funcionário. Ela mesma pode sair perdendo, tanto em produtividade quanto em receita.


Por Danielle Macedo
Equipe Economistas Na Net

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Externalidades e o uso da sacolinha plástica

Estudando sobre externalidades, me deparei com um caso recente sobre o tema: o das sacolinhas plásticas. Ao entender um pouco mais sobre o assunto pude imaginar como a externalidade funciona nesse caso.

Mas, o que seria uma externalidade? Em Introdução à Economia* vemos que “uma externalidade ocorre quando pessoas alheias a uma decisão são afetadas por ela”. Os autores ainda falam que “o princípio da externalidade sugere que os custos ou benefícios de algumas decisões pode ter reflexos em terceiros”.

Acho que é de opinião geral que a restrição às sacolinhas plásticas nos supermercados e a obrigação de compra das retornáveis não é uma ideia muito agradável. Porém, nossos hábitos, por vezes, precisam ser mudados e não consigo pensar em outro caminho se não pela intervenção governamental.

Você já parou para pensar quando o governo instituiu o uso obrigatório de cinto de segurança nos automóveis sob pena de multa? Será que se, naquela época, a intervenção não criasse essa lei, nós teríamos o hábito de usá-lo hoje? É automático: quando entramos num veículo, pelo menos nos bancos da frente, colocamos o cinto. Isso porque o hábito foi alterado, e creio que com as sacolas plásticas ocorrerá o mesmo.

Com o objetivo de poluir menos o ambiente, o governo provocou uma externalidade negativa, pois não teremos mais sacolas gratuitas nos supermercados. Ela não resolve o problema da poluição, mas reduz parte dele, ou seja, a medida não necessariamente garantirá que não haverá mais sacolinhas, mas restringe seu uso. Isso porque muitas pessoas não aceitam pagar e outras nem possuem condição para isso.

A externalidade é resolvida quando é internalizada. Neste caso, quem polui ou quem utiliza, pagará por ela. No caso da indústria, isso acontece com a redução de sua produção.

Mas pode surgir outra questão: se eu deixo de utilizar a sacolinha, não posso aumentar a poluição ao usar mais sacos de lixo? A resposta é não, pois você já paga por ele, portanto, já está internalizando o problema.

É normal pensar apenas no impacto em nosso bolso hoje, já que é comum o ser humano não pensar nas consequências futuras. Apesar da cobrança, a restrição ao uso das sacolinhas beneficiará a população como um todo. 

Também imagino que a reciclagem só produzirá efeito quando tais medidas forem levadas a sério. Fora isso, nós temos sim que fazer nossa parte, mesmo que seja um trabalho de formiguinha. Nossos exemplos farão diferença, ao menos, dentro de nosso grupo social.

Apenas para complementar, o fato de não usarmos mais sacolinhas não gera uma externalidade positiva. Isso porque uma externalidade negativa nunca cria uma positiva e vice-versa. Mas uma decisão sim, cria externalidades positivas e/ou negativas.

*Introdução à Economia – Princípios e Ferramentas - O’Sullivan, Arthr; Sheffrin, Steven M. e; Marislei Nishijima. Editora Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2004.

Por Danielle Macedo
Equipe Economistas Na Net

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Economia e o mercado de estética

É bem sabido que, com o controle da inflação em 1994, o poder de compra aumentou e a estabilidade econômica abriu portas ao mercado de trabalho. Com a melhora na renda, o consumo de vários serviços cresceu de forma exponencial e movido a economia positivamente.

Assim que as primeiras necessidades são satisfeitas (alimentação, vestuário, moradia e saúde), é comum a busca por outros produtos. Muito desse consumo é voltado para a utilização de alguns serviços, como cursar uma faculdade, uma especialização, aprender um segundo idioma, frequentar uma academia, aprender um esporte e também cuidar da estética. Podemos considerar esta última como tudo que nos deixa mais satisfeitos com a nossa aparência, como um tratamento capilar, cuidados as unhas, com a pele e até uma cirurgia plástica.

O Brasil ainda não é o primeiro do ranking da vaidade, mas, de acordo com dados da Revista Isto É (Edição n° 706), é o terceiro consumidor de produtos de higiene pessoal e segundo em cirurgias plásticas, ficando atrás apenas dos EUA e Japão. Até 2010, essa indústria havia movimentado R$ 27,5 bilhões, um crescimento aproximado de 140% em relação a 2003.

E a expectativa de crescimento para a área é grande, mas há falta de mão de obra especializada. Há um déficit de 13% de cabeleireiros e de 25% de manicures no país, de acordo com Remy de Sousa, presidente da Associação dos Cabeleireiros Unissex do Brasil.

E os preços? A volatilidade é enorme e varia de região para região. Não há uma tabela padrão e por isso na hora do reajuste, cada um precifica seus serviços de acordo com o que considera justo. Por isso, a cada ano, este segmento afeta fortemente a inflação.

Mas isso não impede que cada vez mais pessoas busquem esses profissionais para melhorar a auto-estima. Muito pelo contrário, cada vez mais salões são abertos e serviços são oferecidos, principalmente pelos sites de compra coletiva. A demanda é cada vez maior.

Esses resultados mostram um Brasil economicamente forte, onde mais pessoas se inserem no mercado da estética para atender um público cada vez mais exigente e tudo isso se resume a uma palavra: consumo!

Por Danielle Macedo
Equipe Economistas Na Net